na catraca

11.25.2009

o contínuo 8 - elenco

Sempre que começo a escrever uma história nova me pergunto: Como é o personagem principal? Como ele fala? Como ele se comporta? Aí, entra em cena a "referência para o personagem".

Diferente do que acontece no cinema, nos quadrinhos temos liberdade quase que total para construir o elenco perfeito para contar qualquer história. Não precisamos nos preocupar com o salário, nacionalidade e até mesmo se são de fato atores.

Você quer juntar na sua história um cara que se parece com o Ronaldo, uma moça com o jeitão da Bjork e outra que anda igual a Uma Thurman no Kill Bill? Sem problemas! Não existem limites. Além disso, não precisamos nos apegar apenas ao visual da pessoa: podemos absorver seu jeito de andar, de se vestir e até mesmo de falar. Claro, referências de personagens não precisam ser somente de pessoas famosas. O personagem perfeito pode parecer com sua avó, seu tio, vizinho ou aquele colega de trabalho.

Taco Solto - Contínuo 6N’O Contínuo 6, por exemplo, Pedro Felicio e eu escrevemos uma história sobre um torcedor de um time de futebol, o Taco Solto, e a referência foi um aluno do Pedro, que eu também conheci. Nós queríamos que o personagem andasse, falasse e se comportasse como ele. Na hora de explicar o personagem para o desenhista (no caso o Bottino) não mostramos uma foto ou qualquer outra referência visual. Optamos por interpretar o aluno na sua maneira de andar, de se mover e de falar. Acabou sendo melhor do que uma foto: o Bottino foi tão fiel à nossa representação que desenhou o menino com uma semelhança incrível.
Um exemplo mais recente é o da história que estou desenhando agora para o Continuo 8, "No canto do quarto". O personagem principal da história já apareceu n’O Continuo 4. Não se preocupem: para entender a história nova não será necessário ter lido a edição 4. Mesmo assim, vale a pena procurar já que história é bem legal! hehehe.

Em sua versão jovem, o protagonista da história (Marco) tem como referência visual o cantor do Green Day, o Billie Joe Armstrong (sim pessoal, as semelhanças não são mera coincidência!). Sendo o protagonista também um músico, achei que ele poderia passar a "atitude" certa para o Marco. Na edição 4, o Billie Joe já tinha sido a referência, então fez muito sentido continuar neste caminho.

No canto do quarto - por Dalton Soares
Para a sua versão mais velha, no entanto, preferi outra pessoa. Marco, nesse período de tempo, passa por uma situação que o transforma e, por isso, achei que uma outra referência podia enriquecer a história. Desta vez fui guiado mais pela "maneira de ser" do personagem do que por seu visual. O escolhido foi o meu caro amigo (e um dos desenhistas d’O Continuo) Pedro Bottino.

Em sua fase mais velha, Marco mudou a maneira com que se relaciona com as pessoas, perdeu seu ar jovem, confiante e... Chega! Sem spoilers aqui! Em breve todos vão descobrir o quanto Marco mudou.

Essas referências são uma ferramenta incrível para contar histórias. Tudo é uma questão de saber escolher bem, pois o visual e as atitudes das referências escolhidas carregam uma história própria, que está além do próprio roteiro em questão e é inevitável que essa bagagem acabe fazendo parte da HQ em desenvolvimento.

Um comentário:

Pedro Felício disse...

Você é um ídolo pra mim, Daltones.