Todas as seis páginas de HQ desenvolvidas para a estreia da seção HQ Status (da revista homônima "despida de ingenuidade e coberta de inteligência" que está nas bancas neste mês). Além dessas, fiz também uma espécie de "capa", na página ímpar que abre a matéria.
A ideia (segundo o Cacá - o editor Carlos Sambrana) era contar, na edição de julho, de uma forma diferente, nova, "surpreendente", uma história já amplamente divulgada pela mídia no mundo inteiro durante o mês anterior, em especial na França (onde o acusado era o favorito do partido socialista para as próximas eleições contra Nicolas Sarkozy) e nos EUA (onde o caso aconteceu). Trata-se da história de Dominique Strauss-Kahn, ex-chefão do FMI, preso em maio, acusado de ter abusado sexualmente de uma camareira no hotel onde se hospedara em Nova York. A opinião pública não hesitou em julgá-lo culpado até que se provasse inocente.
Nossa história é uma ficção baseada nesses fatos, que acaba bem pra o atual presidente francês declamando um texto que, nas entrelinhas (e nas palavras do Bruno Weis), equivale a "me dei bem e ainda tô comendo a Carla Bruni". Mas a história real não acabou por aí. Desde a publicação da revista, algumas reviravoltas comprometeram a credibilidade da vítima. Agora, a mídia e os formadores de opinião reavaliam o problema do pré-julgamento que fizeram do acusado, enquanto Dominique parece ganhar novo fôlego para as prévias das próximas eleições na França. Não que eu prefira Sarkozy (muito menos Marine Le Pen), mas nada poderia ser mais suspeito, quando há tanto dinheiro e poder envolvidos no processo.






revista Status | roteiro Bruno Weis | ilustração Olavo Costa | design Evelyn Leine
Quem me chamou pra ilustrar a história foi a Evelyn Leine, designer que conheci no Curso Abril no ano passado, enquanto ela ainda trabalhava para a Bravo. Agora, está usando o seu talento para dar cara nova à recém-relançada revista Status, da editora Três. E quem escreveu o roteiro foi o Bruno Weis, repórter que fez toda a apuração do caso e elegeu as cenas que mostraríamos na HQ. Juntos, dividimos as cenas em quadros e, a partir daí, ele fechou o texto final. Talvez haja algumas pequenas diferenças entre a versão do texto publicada por aqui e o texto revisado, publicado na revista.
Decidimos explicitar graficamente a divisão do tempo presente em preto e branco e tons de cinza(com DSK na prisão e "enfrentando" a repercussão do caso), e do passado, em duas cores (preto e magenta), além de uma fantasia do narrador (DSK) como presidente da França, também em magenta, mas sem o preto chapado puro. Trabalhei com canetas nanquim descartáveis (quase tudo 0.05, já que não dava tempo de fazer com bico de pena) e para as áreas chapadas uma posca preta pc 8k. No Photoshop, apliquei em uma camada separada, em modo multiplicação, as sombras em escala de cinza, algumas delas transformadas em retícula (aplicada somente no canal do preto); e, em outra, o "magenta" (que não é exatamente magenta, pra não ficar tão claro e saturado) aplicado com uns pincéis especiais.
Espero que tenham gostado!