na catraca

6.17.2010

Conquistando o Caneco de 62

O Caneco de 62 Há quarenta e oito anos o Brasil levava o segundo caneco.

A Copa de 62 foi bastante controversa, arbitragens "esquisitas", regras não muito claras - Garrincha foi absolvido de uma expulsão para poder jogar a final! Sem Pelé, que se contundiu no jogo contra a Tchecoeslováquia e ficou fora da Copa, coube ao "Mané" a responsabilidade de ser a estrela do time. E ele não fez feio, simplesmente demoliu os adversários do Brasil!

Sua habilidade era tão incrível que jornais de diversas parte do mundo afirmavam que ele só podia ser um alienígena pra fazer todas aquelas coisas com a bola (quem colocou na mesa de reunião esse fato foi o Sr Pedro Felicio). Foi desse ponto que parti para a concepção da história que escrevi e desenhei para o 5 Canecos, "De outro Planeta".

O ROTEIRO

Apesar da história pessoal do Garrincha ser incrível e da trajetória do Brasil na Copa de 62 render muitas histórias, o que mais me atraiu foi poder falar do Garrincha e da seleção sob outro ângulo: a visão de alguém que não gosta dele, alguém que, em última análise, inveja o Mané.

Contar a história de um homem que esconde com argumentos absurdos (no caso, Garrincha ser um ET) sua própria incompetência e sonhos não realizados e, ao mesmo tempo, conectar isso com o fato histórico, a Copa de 62, foi um desafio. Esse é o mote principal de "De outro Planeta": a história de um homem que fracassou consigo mesmo.

Os "5 canecos" é uma parceria com o Abril.com, um portal onde vários tipos de pessoas circulam, buscando todo tipo de notícia. Mesmo conhecendo a "alma" da história, é importante manter o foco no leitor. Ele precisa entender o roteiro. Gosto de escrever histórias para todo mundo, do mais fanático ao que está pegando um quadrinho pela primeira vez. Por isso, é importante tornar a história interessante pois, se o leitor não conseguir absorver todas as referências, ao menos ele vai se divertir com o tempo que gastou com minha história.

Sendo assim, tive muito cuidado para não "vomitar" no leitor toda essa argumentação de "homem que fracassou consigo mesmo".

O Caneco de 62 DESENHOS

O resultado final não seria uma revista impressa, mas mesmo assim o empenho e esforço nos desenhos não foram menores. No fim do dia, é o seu trabalho que está no ar e ele precisa ser apresentado com o mesmo capricho.

Ao invés de calcular tamanhos em cm, passei a calcular em pixels. A largura da "janela" onde a página aparece no site é de 960 pixels por 500 pixels, o que dá, mais ou menos, 33,8cm por 17,5 cm. Fiz todos os desenhos nesse tamanho, alguns no papel tradicional de quadrinhos outros em um papel canson de gramatura 300 (o que foi ótimo, o nanquin fica muito bem!)

O Caneco de 62
CORES

Há um pouco mais de um mês, assisti uma palestra com a designer americana Paula Scher, que falou algo sobre cores que achei muito interessante: ela não entendia porque muitos designers colocavam tons pasteis em vários trabalhos. Para ela, isso era indecisão.Um designer (ou um artista) deveria ESCOLHER sem medos suas cores e trabalhar o melhor delas.

Esse discurso com certeza me influenciou. Tentei ser o mais consciente possível nas minhas escolhas. Narrativamente, a cor teve um papel muito importante na história. Ela diferencia o momento atual do personagem dos fatos históricos e de suas memórias.

Posso dizer que escrever o Caneco de 62 foi uma experiência intensa, um tremendo aprendizado. Também escrevi e desenhei o Caneco de 2002, mas esse fica pra outro post!

Pra conferir o trabalho é só clicar aqui!
Os 5 Canecos

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