na catraca

6.08.2007

DOIS

Iaí rapazeada, Mathé is in da’House!

Post de número dois do nosso blog. E pra provar que aqui “ajoelhou tem que rezar”, venho cumprir minha promessa de que trataríamos dos mais variados temas, abrindo a discussão para algo que NÃO é quadrinhos. O assunto por aqui hoje é Graffiti, e por isso o nome do post é “Dois”.

Aí você vai falar: esse cara ficou doidão, deve estar chapado, o que tem a ver Dois com Graffiti?... Pois para que você não pense isso de mim, ao menos ainda não, eu explico. Vou apresentar pra vocês 2 coisas. A primeira é uma pintura que terminei ontem na casa de uma amiga, a outra é, digamos, uma indicação de graffiti. Pra explicar melhor, vamos do começo.

Ontem, quinta-feira, feriadão, aproveitei pra terminar uma pintura, que há muito prometia para uma amiga, na sala de seu apartamento (Valeu Lau!). Ela mora na Vila Madalena, e entre gatos, cafés e tintas, durante o trabalho olhando da sacada do ap. vi nitidamente, apesar de estar beeem longe, uma pixação do grafiteiro NÃO (foto logo abaixo).

O NÃO, é em minha opinião, um dos caras mais atitudes do graffiti e pixação da atualidade em São Paulo. Não vou discutir aqui as diferenças entre pixação e graffiti (se é que elas existem), mas indubitavelmente atitude é um elemento indispensável para pintar na rua, o nome que vamos dar para o que ficou no muro é outra história. Pouco tempo atrás o túnel que liga a avenida Paulista com a Doutor Arnaldo contava com reproduções horríveis de pinturas brasileira modernistas, como por exemplo Tarsila do Amaral.

O NÃO, certamente com a ajuda de muitos brothers, pintou por cima dessas reproduções - até onde eu sei, sem autorização –de ponta a ponta do túnel suas três letras. Era até difícil de ler de tão grande que era o graffiti. Pra completar a subversão, do outro lado do túnel ainda escreveram SATIVA. Essa atitude é uma das atitudes de contestação mais interessantes que eu vi em vida. Além de atropelar as pobres (pejorativamente falando) reproduções, ainda conta com a negação direta delas, e o que é mais legal, num ponto central da cidade, sem qualquer autorização das autoridades. Ponto pra ele.
A pixação é um código difícil de ser decifrado. Conjuntos de letras cuidadosamente desenhados para serem compreendidos por poucos. Em geral os próprios pixadores. Quem mais quiser compreender vai levar algum tempo decifrando os nomes escritos no alto dos prédios. O NÃO torna-se então metáfora do que a própria pixação representa. Você olha um muro e lá está em letras altamente legíveis a palavra não. Então, por mais que você entenda o que está escrito ele te nega o acesso à compreensão daquela atitude e daquele código. Não tem nem discussão, é o autoritarismo do NÃO que fala mais alto, é NÃO e pronto.
Quando a própria sociedade nega legitimidade deste tipo de atitude lá está o NÃO de novo para atestar a completa compreensão do que é pintar na rua.
Procurei antes de postar esse texto um fotolog ou blog dele, porém não achei nada. Ficamos mesmo só nas fotos que eu tirei. Se alguém conhecer pode botar nos comentários que depois eu deixo por aqui o link.Tem duas fotos: uma mais de perto e outra de longe mesmo para todos terem noção da distancia que eu vi o pixo.
Enquanto isso, pra ninguém ficar triste, coloco as fotos do processo da minha pintura (post acima), e mais alguns links de fotologs de alguns excelentes grafiteiros paulistanos : PatoBinhoTitiProzack

Mais em breve...

Abraço do Mathé

Um comentário:

Simone Mendes disse...

Adorei essa pintura...demais...

um beijo grande...