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na catraca
Praça Clóvis
Salve, salve,
Seguindo o moto-contínuo da cidade, cá estou, em nosso albergue virtual a custo
de trocar umas idéias.
E hoje a idéia é nova. Bem, talvez não tão nova assim, mas paga a pena, é que
hoje inauguramos um novo espaço de troca de idéias aqui no blog do Contínuo e é
desse espaço que agora escrevo; a Praça Clóvis.
Praça Clóvis?
É, Praça Clóvis, aquela que virou um fantasma – mais um entre tantos – em nossa
cidade. Uma praça-fantasma que fica ali, colada na praça da sé, tão colada que
todo mundo acha que são uma praça só... a mesma onde “bateram” a carteira do
Paulo Vanzolini com 25 cruzeiros e um retrato que ele deu por bem em perder.
Uma praça.
O urbanismo de viés humanista entendia as praças como espaços do estar, espaços
de vida pública – e por isso coletiva – dentro da malha urbana. A praça é um
centro de debates, um ponto de encontro para a fruição e construção da história
da cidade, o tempo todo. A rigor, trata-se da reconstrução da ágora grega.
Na década de 20 do século passado, a Praça Ramos foi palco da intervenção
artística da nossa primeira geração modernista. Em 70, a praça da Sé sediou o
movimento pelo fim da ditadura no Brasil. Vida pública
Na contra-mão daquele urbanismo, apartadas de toda concepção humanista e
agregadora, as praças hoje se tornaram um espaço do passar, numa cidade que não
é mais a do viver publicamente as idéias, mas a do sobreviver à revelia de
qualquer outra coisa. São, a rigor, uma eventualidade na contingência urbana,
apenas mais um lugar por onde passamos em direção a alguma tarefa a cumprir
dentro do inusitado jogo de azar que a experiência da metrópole se transformou.
Um espaço que pergunta o tempo todo, seu lugar e sua idéia. Cessam-se os
debates, cessa-se a vida pública. Uma praça, um fantasma.
Hoje, talvez apenas os mendigos que fazem dela moradia, compreendam, ainda que intuitivamente, o caráter
intrinsecamente coletivizante que reside na idéia de uma praça. Embora mesmo
eles – creio que sobretudo eles – estejam a mercê do jogo.
Na atualidade, infelizmente, pouco se nos dá a história por trás das coisas, e
com algumas cartas mal embaralhadas e postas, já começamos tudo de novo, ônibus,
metrô, trabalho, fome, fotos 3x4 e currículos. Nada de idéias, nada do outro.
Nada de perguntas. Nada de praças. Só fantasmas.
Não obstante, as praças continuam sendo palco da luta pela sobrevivência na
cidade, e se hoje nossa relação com elas é efêmera, talvez isso tenha a
ver com algumas escolhas históricas que foram feitas além das placas e dos
outdoors. Mas sobretudo, as praças continuam sendo o registro de sua idéia, um
convite a coletividade. A ilha não se curva, vida a fora, noite a dentro.
Praça Clóvis.
Nunca acreditei muito em fantasmas - si, pero que los hai,
los hai!
-então tá aí a nossa praça no blog do Contínuo. Um ponto de
convergência, embora virtual, dentro de uma cidade
de experiências
fragmentadas. Um lugar onde pessoas se encontram, de propósito
ou de
passagem, e jogam alguma conversa no ar – noir – da metrópole. A partir de
hoje, na contra-mão da contemporaneidade, teremos, toda semana, sempre
alguma
coisa nova pra discutir – arte, quadrinhos, cinema, filosofia,
política,
futebol... – no banco da praça ou em trânsito.
Estejam presentes.
Abraços
Alcimar Frazão
Um comentário:
Após uma aguçada curiosidade e uma olhadela por esse fragmento virtual a cerca da metrópole, penso: "não perdi meu tempo, de fato, interessante..."
E que todos divaguem, passeiem e ocupem a Praça Clóvis...
bjs
(vc melhorou... rs)
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